Nesta edição da Revista Memorias Disidentes, abordamos os processos de repatriação, restituição, retorno e/ou reenterro de ancestrais aos seus territórios de origem, para promover a reflexão e o debate a partir de experiências desenvolvidas em diferentes contextos e situações. Propomos também complexificar perspectivas e abordagens sobre conceitos-chave como: corpos/corpos-territórios, repatriação, restituição, reenterro, redignificação, despatrimonialização e outros conceitos associados. Há várias décadas, diferentes processos de retorno e reenterro de ancestrais aos seus locais de descanso têm sido gerados em todo o mundo, em resposta a demandas promovidas por diversos movimentos e ativismos indígenas. Na América do Sul, em particular, essa questão tem se desenvolvido de forma desigual entre os países, aparentemente motivada pela predominância, em alguns contextos, de relações coloniais persistentes que inibem e invisibilizam agências e direitos indígenas consagrados em padrões internacionais. No entanto, nas últimas décadas, essa questão começou a ganhar força em alguns países da região, enquanto em outros se aprofundou, tornando-se central para algumas agências etnopolíticas de vários povos indígenas. Neste contexto, com este dossiê, esperamos ampliar o escopo deste tópico fornecendo novos exemplos e discutindo a interação de outras variáveis que se cruzam no desenvolvimento da repatriação, restituição, retorno e/ou enterro de ancestrais.
Publicado: 2025-07-31